Doutor, labirintite tem cura?
O que é labirintite?
"Labirintite" é um termo popular, usado geralmente para designar distúrbios relacionados ao nosso equilíbrio e audição. Sendo assim, uma "labirintite" pode significar tontura, vertigens, zumbido, desequilíbrio e várias outras formas de mal-estar. O termo correto a ser usado é "labirintopatia", que significa "doença do labirinto".
Nosso ouvido possui dois componentes distintos: a cóclea (ou caracol), que é responsável pela nossa audição e o vestíbulo, que é responsável pelo nosso equilíbrio. Juntos, cóclea e vestíbulo formam o labirinto. O comprometimento dessas estruturas, individual ou separadamente, provoca sintomas como tonturas, desequilíbrio, surdez ou zumbido.
Esses sintomas aparecem porque nosso cérebro recebe informações erradas a respeito da nossa posição no espaço - geradas pelo labirinto doente - e como resultado, temos uma "ilusão de movimento". Essa ilusão pode sugerir que estamos rodando (vertigem), caindo (desequilíbrio), sendo empurrados (desvio de marcha e queda), flutuando (falta de firmeza nos passos) ou ouvindo assobios, motores, etc.(zumbido).
Quais são as causas das doenças do labirinto?
São várias as causas das doenças labirínticas. Às vezes, tonturas e vertigens podem indicar o primeiro sinal de alguma doença importante. Nosso ouvido é um consumidor voraz de energia e depende de suprimento constante de açúcar e oxigênio. Qualquer fator que impeça a chegada ou o consumo adequado desses elementos, é gerador de tontura. O exemplo mais clássico disso é a tontura que acontece quando ficamos muito tempo em jejum.
Entre as inúmeras causas de problemas labirínticos podemos citar algumas:
· doenças pré-existentes como diabetes, hipertensão, reumatismos etc.
· utilização de drogas ototóxicas, como alguns antibióticos e anti-inflamatórios, que alteram as funções do ouvido.
· alterações bruscas da pressão barométrica, como no mergulho e nos aviões.
· infecções por vírus ou bactérias.
· alterações do metabolismo orgânico.
· doenças próprias do ouvido.
· hábitos, como o excesso de cafeína, tabagismo, álcool ou drogas. aterosclerose.
· traumas sonoros.
· problemas na coluna cervical ou articulação da mandíbula.
· stress e problemas psicológicos.
· Traumatismos na cabeça.
As crianças podem ter problemas do labirinto?
Sim. Embora todas as causas referidas anteriormente sejam mais frequentes no adulto, podem ocorrer também na criança.
Você deve consultar um médico especialista em doenças do labirinto se o seu filho apresenta dificuldade para participar das brincadeiras que outras crianças da mesma idade realizam com facilidade. A criança com problemas de equilíbrio apresenta dificuldade para andar de bicicleta, pular amarelinha, pular corda ou qualquer brincadeira que precise de um controle postural mais elaborado.
Dificilmente a criança se queixa de tontura. Geralmente é a mãe que observa as alterações de comportamento, o isolamento da criança dos amiguinhos. Uma observação interessante é a dificuldade escolar, embora sua inteligência seja normal. Isso ocorre pela dificuldade de concentração que está associada à instabilidade da postura.
Como é feito o tratamento das labirintopatias?
O tratamento pode ser dividido em três fases:
1. Tratamento dos sintomas
A primeira parte do tratamento consiste em aliviar o sintoma: a tontura.
Para isso, são utilizados medicamentos sedativos e repouso, quando necessário.
Os medicamentos hoje disponíveis podem ser agrupados em moduladores de fluxo sanguíneo, vasodilatadores, bloqueadores de canais de cálcio, anticonvulsivantes, antidepressivos, etc. Cada uma dessas drogas tem local diferente de atuação, bem como diferentes indicações. Uma droga que funciona muito bem no jovem, pode ser contraindicada no idoso e assim por diante. Nenhum desses medicamentos é isento de efeitos colaterais, portanto, não aceite medicação de leigos, procure o seu médico.
O tempo de tratamento vai depender da causa da doença e da sensibilidade individual do paciente.
2. Tratamento da causa
O tratamento da causa é aquele que investiga e trata o problema que gerou a doença do labirinto. O tratamento sintomático produz alívio dos sintomas, que podem voltar se sua origem não for tratada.
O tratamento etiológico está baseado na investigação dos fatores de risco, que são os problemas metabólicos, infecciosos, reumáticos e anatômicos. Depois de um interrogatório clínico, em que o médico procura encontrar possíveis causas do problema, poderão ser feitos alguns exames para verificar alterações que podem justificar a tontura. Os exames complementares são de audição e equilíbrio, de sangue e radiológicos.
Após confirmação do diagnóstico, o médico inicia o tratamento, que será feito de acordo com o problema apresentado.
3. Reabilitação do labirinto
A reabilitação é o tratamento fisioterápico da tontura, que pode ser utilizado com ou sem uso de medicamentos.
Quando a etiologia da tontura é de difícil controle, como no caso da aterosclerose no idoso, a reabilitação é o tratamento de escolha, apresentando bons resultados em 80% dos casos.
A reabilitação hoje, é considerada uma ótima opção no tratamento das labirintopatias quando existe sua indicação. Além de apresentar ótimos resultados, não necessita aparelhos especiais, é de fácil realização e pode até ser feita em casa.
Eu posso prevenir o aparecimento das labirintites ou melhorar meus sintomas?
Certamente! O melhor conselho que você pode receber é: TENHA UMA VIDA SAUDÁVEL! Observe alguns aspectos em sua vida e veja de que forma você pode se ajudar:
· Evite os maus hábitos.
Como já vimos, o cigarro, o álcool e o excesso de cafeína podem influenciar negativamente na tontura e no zumbido.
· Faça exercícios físicos.
Está cientificamente comprovado que o exercício bem indicado melhora os níveis de colesterol e triglicérides no sangue, diminui o risco de doenças cardíacas, previne a obesidade e fortalece a musculatura. Você evita problemas metabólicos e, portanto, a tontura. A caminhada é uma ótima opção.
· Fracione a sua dieta.
Procure alimentar-se a cada três horas, evitando grandes quantidades de comida. O excesso de sal e açúcar não são recomendados. Abuse das frutas, legumes e verduras. Tome muito líquido. São recomendados dois litros de água por dia. A maior filtração renal elimina as toxinas acumuladas pelo organismo.
· RELAXE.
O stress piora qualquer condição orgânica, inclusive a tontura. Procure ter momentos reservados para o seu lazer.
Finalmente, a tontura tem cura?
Se a pergunta for reformulada para: É possível viver sem tontura? A resposta é sim.
Como já comentamos, mesmo quando a doença é de difícil controle, ainda assim é possível viver sem tontura. Com o tratamento adequado, o médico especialista tem condições de melhorar muito seus sintomas, obtendo a cura clínica da doença.
Diga SIM, todos os dias, para a atividade física! — Ministério da Saúde (www.gov.br)